Por conta da guerra ou por algum outro motivo, eles foram obrigados a deixarem tudo para trás: suas histórias, suas vidas, suas raízes, suas famílias….para irem em busca de um futuro incerto, porém, que pudesse lhes oferecer pelo menos um abrigo, uma oportunidade para recomeçarem a vida. Quem são eles? São os chamados refugiados. Muitos deles da Angola, Congo e Espanha desembarcaram em Duque de Caxias, e foram acolhidos pela Secretaria Municipal de Educação, por meio de doze escolas que os receberam de braços abertos para educar as crianças e ajudar a integrar os pais na comunidade. Ao todo, são cerca de 50 alunos e 83 famílias. A SME se preocupou, ainda, em criar um departamento, hoje denominado Núcleo de Projetos Especiais (NUPE), que trata também diretamente desses cidadãos.
Todo esse envolvimento, amparado pela inclusão e exemplo de amor ao próximo, pôde ser conferido, nesta quarta-feira (20/06), durante o evento em homenagem ao Dia Mundial dos Refugiados, promovido pela Subsecretaria de Ensino, por meio do NUPE. Com o auditório repleto de pais e alunos refugiados, muitos deles com trajes típicos, a emoção tomou conta do encontro. Em meio aos depoimentos e relatos dos refugiados sobre o passado e a nova vida encontrada nesta cidade, graças ao apoio e ao carinho recebidos nas escolas, houve também apresentações musicais e de dança. O Departamento de Projetos Especiais (DPE), representado pelo grupo teatral Os Encantadores de Histórias se apresentou, assim como a Divisão de Leitura, que declamou uma poesia sobre os dramas da guerra e a importância da inclusão.
Encantada com a repercussão do trabalho, que começou tímido, mas que tomou uma grande proporção, inclusive tem sido exemplo para outros Estados e resultou até numa matéria especial para o Jornal Extra Baixada, a subsecretária de Ensino, Denise Klayn, fez um discurso emocionado e incentivador: “Aqui é exemplo da diversidade e do quanto a educação é transformadora na vida das pessoas. O dia é de vocês, mas o presente é nosso. Agradeço aos diretores e professores, que abraçaram a causa e se dedicam com tanto amor, além da nossa equipe por tamanho comprometimento. Que seja o primeiro de muitos momentos especiais como este”.
Da mesma forma comemorou a chefe do Nupe, Alexsandra Rezende, ao lado da parceira de equipe, que também é pioneira do projeto, Mariza Reis. “A gente começou perceber que a cada dia chegavam mais refugiados nas nossas escolas e isso nos fortaleceu a escrever um projeto exclusivo para eles. Meu sentimento hoje é de alegria por ver que o nosso trabalho deu certo. A nossa missão é acolher, cuidar e apoiar para que aqui eles se sintam em casa. A gente ensina, mas também aprende muito. É uma troca”, acrescentou Alexsandra.
Um dos momentos mais emocionantes do dia foi quando a refugiada do Congo, Christine Kamba, que é mãe de quatro alunos da Escola Municipal Rui Barbosa, no Gramacho, cantou em angolês uma música tradicional do seu país, que marca a trajetória de luta e superação do seu povo.
“Poucos municípios comemoram esse dia junto com os alunos e os pais. Muitos não são amáveis como vocês. Só tenho a agradecer o que a escola tem proporcionado na minha vida e na dos meus filhos. Nós não somos imigrantes, não viemos aqui para passear, somos refugiados e precisamos de carinho e amor, pois chegamos aqui muito fragilizados, mas por conta do acolhimento da educação pudemos enxergar a vida de outra forma. Obrigada, de coração, por não nos abandonar e nos valorizar. Que um dia não sejamos rotulados de refugiados, mas sim de irmãos”, declarou Christine.
As escolas participantes são: Barão do Rio Branco, Cora Coralina, Marechal Mallet, Ruy Barbosa, Dr. Manoel Reis, Maria Clara Machado, CCAIC – Olavo Bilac, creches Pé Escola Maria José da Conceição, Poetisa Cecília Meireles e Comunitária São Sebastião, CIEP Carlos Chagas e CIEP 405 – Ministro Santiago Dantas.

    

 

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