GENTE QUE FAZ

 

O Prêmio Gente que Faz e Acontece tem por objetivo identificar, divulgar e enaltecer professores e gestores que desenvolvem um trabalho diferenciado e inovador em prol da qualidade do ensino público. As atuações desses profissionais servem de incentivo, exemplo e inspiração para toda a rede.

O lançamento do Prêmio Gente que Faz e Acontece aconteceu em 2019, quando dez profissionais foram homenageados pela Secretaria Municipal de Educação, na Câmara Municipal. A homenagem será promovida anualmente.

Leandro Nascimento, Denise Ana Augusta dos Santos, Elisandra Dias Pereira, Izabel Cristina Lopes, Marilza de Azevedo Silva, Luiz Carlos Andrade, André Luiz da Rosa e Silva

 

Leandro Nascimento

Ele dedicou-se a tornar mais fácil e atrativo o ensino da Matemática por meio da metodologia da gamificação (forma de usar elementos comuns de jogos em situações que não se restringem ao entretenimento) e tem alcançado resultados promissores em sala de aula. Mestre em Matemática e doutorando em Informática pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Leandro Nascimento integra o seleto grupo de talentosos educadores da rede. Diante de tal atributo, a Secretaria Municipal de Educação tem o orgulho de destacar nesta edição o trabalho desse profissional que faz a diferença.
Professor do 8º e 9º anos da Escola Municipal Dulce Trindade Braga, no Jardim Anhangá, onde atua desde 2008, Leandro descobriu que com o uso da tecnologia poderia enriquecer o processo de ensino-aprendizagem, promovendo um ambiente atraente e desafiador que estimulasse os alunos em sua busca pelo conhecimento.
Para alcançar o objetivo, Leandro trabalhou na adaptação de um software que cria jogos matemáticos interativos como aplicativos para smartphone. Dessa forma, os alunos se sentem ainda mais motivados pela possibilidade de usarem seus próprios aparelhos, favorecendo a autonomia e o gosto pelas tarefas. “Os alunos não podem ficar com a falsa sensação de que o smarthopne só serve para se comunicar ou usar as redes sociais. A tecnologia possibilita muito mais do que isso. Eles têm uma ferramenta poderosa nas mãos, e mostro que é possível ter aprendizado e acesso a material de qualidade usando o aparelho”, explicou o professor.
Leandro conta que a gamificação ainda prende a atenção do aluno ao oferecer recompensas a cada objetivo cumprido. “A ideia surgiu quando detectei que nas aulas em que eram introduzias atividades com jogos, o aluno tinha um interesse maior. A partir daí, pensei numa forma de expandir esse método ao longo do ano letivo. No ano passado, estudei toda a implementação com uma turma. O trabalho deu certo e passei a aplicá-lo em todas as que leciono na rede, atendendo cerca de 200 alunos. Muitos perderam, inclusive, o medo da Matemática e o rendimento aumentou consideravelmente”, conta.
Além da tecnologia, a metodologia potencializa a interação social e a autonomia dos alunos. “O comportamento deles em sala de aula melhorou muito, visto que se tornaram mais responsáveis e envolvidos com o aprendizado. “A gente transfere para eles algumas responsabilidades, faz com tenham uma participação ativa. Não uso mais, por exemplo, cadeiras em fileiras e os alunos devem ordená-las em círculos. A outra responsabilidade é com relação ao aprendizado do colega, pois as atividades individuais também contam com pontuação para o grupo. Por isso, eles se preocupam com os pares na aquisição do conhecimento e no compartilhamento do smartphone, quando um deles não tem.
Mas Leandro adianta que a forma tradicional do ensino não foi descartada. “O objetivo é sempre ter um engajamento alto com a tecnologia, mas também trabalhamos com a forma tradicional. O mix disso tudo é que gera esse comprometimento. Além disso, o apoio da diretora Katia Santiago é fundamental no processo. A rede em si não engessa o professor, ela oportuniza para que a gente faça o melhor para os nossos alunos. Basta ter vontade de fazer a diferença.

Toda dedicação de Leandro despertou atenção além dos muros da escola. Ele é coautor do livro Atividades Matemáticas no GeoGebra para a Educação Básica, e é constantemente convidado para ministrar palestras em todo o Brasil sobre novas tecnologias aplicadas ao ensino matemático e formação de professores.
“Temos expandido esse trabalho para que outros professores possam testar essa metologia. Apresentei, recententemente, no Encontro Nacional de Educação Matemática, em Cuiabá, onde foram reunidos cerca de quatro mil professores. São momentos de muito ganho. É a nossa educação servindo de referência”, comemora.

 

Denise Ana Augusta dos Santos

Filha de agricultores do interior de São Paulo, que nunca frequentaram a escola, ela herdou um amor incondicional pelo que a terra é capaz de produzir e a necessidade de semear conhecimentos. Na adolescência, tomou uma importante decisão: “quero ser professora para alfabetizar e contribuir com um ensino transformador em prol da nossa maior fonte de subsistência: a natureza”. A 9ª edição desta série é dedicada à professora Denise Ana Augusta dos Santos, do CIEP Municipalizado 015 – Henrique de Souza Filho – Henfil, no Parque Paulista. “Uni a minha história de vida no contexto dos meus alunos. Nada poderia ter mais sentido do que isso para mim”.
Com base no cultivo de uma horta, que ela mesma criou com seus alunos, além de uma metodologia de ensino inovadora sobre sustentabilidade e hábitos alimentares saudáveis, Denise desenvolveu a dissertação para o mestrado no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRJ) – Campus Nilópolis, intitulada “Tessituras Sociocientíficas no Contexto da Horta escolar: com o protagonismo infantil das narrativas à produção literária”. O trabalho resultou no certificado e prêmio internacional, concedido pela Associação Ibero – Americana(AIA), em 2017, pelo melhor projeto na área de ensino de ciência e tecnológica. Além disso, a docente foi convidada pela AIA para, em 2020, apresentar uma palestra sobre seu trabalho em um congresso na Espanha e receber o prêmio pessoalmente. “O alcance desse material extrapolou os muros da escola. É gratificante levar o nome de Duque de Caxias para o mundo. Meu ideal é sempre jogar sementes”.
E não parou aí. Com o material produzido em sala de aula, Denise decidiu criar o livro Jogue Sementes, com texto e imagens idealizados por seus alunos do 3º ano do Ensino Fundamental. O material aborda um tema complexo, porém, com uma linguagem de fácil entendimento para as crianças. Além disso, ela criou outro livro, porém, direcionado aos professores, sob o título: Abordagens sociocientíficas no contexto da horta escolar. “A maior contribuição que eu posso trazer para os educadores é mostrar que todos nós podemos ser pesquisadores; podemos fazer a diferença na vida dos nossos alunos com questões do nosso dia a dia. A nossa voz precisa ecoar na sala de aula e a voz dos nossos alunos precisa ser realmente ouvida”, alerta a professora, que ficou surpresa com a facilidade que seus alunos tiveram em entender e discutir as questões ambientais de maneira consciente.
Em sala de aula, Denise desenvolve ações que instigam seus alunos a serem autores e multiplicadores do conhecimento sobre a importância dos alimentos, da natureza e da sustentabilidade. Por meio da horta, eles ainda conhecem de perto como funciona todo o processo da alimentação, desde o plantio ao consumo; além dos malefícios que o homem causa à natureza. “As atividades são inseridas também por meio da literatura infantil e de vídeos educativos, que ampliam as discussões sobre a origem dos alimentos até o destino final. Debatemos temas complexos que envolvem interesses econômicos e sociais em meio ao universo do Ensino Fundamental. Isso fez romper o preconceito de que criança não pode entender as situações que envolvem o seu cotidiano. Eles passam a entender que o lixo e os agrotóxicos comprometem a qualidade de vida. E é na infância que começa a formação crítica. Quando a gente forma essa criança para problematizar essas ações, a gente vai ter adultos mais conscientes, que não vão aceitar, por exemplo, qualquer produto que um comercial de TV propaga como sendo o melhor”.
Denise esclarece que o contexto da horta escolar também favorece a escrita e a leitura dos alunos. Ela conta, com orgulho, que essas atividades contribuíram até no tratamento de um dos seus alunos, que é especial. “Ele decidiu construir sua própria hortinha em casa; e sua fonoaudióloga me enviou uma cartinha dizendo que esse processo influenciou significativamente no tratamento dele, que até a presenteou com uma plantinha. Isso comprova que esse trabalho, dentro de um contexto, tem um alcance muito maior do que a gente imagina. Rompe com a imagem de que as crianças de hoje em dia só querem saber de celular. Pode não ser unanimidade, mas o processo mágico ao ver uma sementinha germinar é enriquecedor para eles. A horta pode ser tanto um espaço crítico como romântico, depende da abordagem que você dá a ela. É descobrir os aromas das ervas; é descobrir que a roupa é feita do algodão que vem de uma árvore; e que um terreno onde só tem lixo pode se transformar num espaço produtivo. É isso que a gente precisa trazer para os alunos. Nossa missão é justamente transformar vidas. E é o que me move”.

Elisandra Dias Pereira

Há professores que além de preparar seus alunos para o futuro, inspiram, se envolvem, compreendem e se transformam em referência para aqueles que os cercam. Assim podemos definir a trajetória da educadora Elisandra Dias Pereira, o que garantiu o destaque desta edição. A atual diretora da Escola Municipal Coração de Jesus, em Xerém, conta que carrega o orgulho de ter sido aluna de escolas do município (General Mourão Filho e Professora Olga Teixeira de Oliveira), e que sua experiência foi fundamental para transformar a vida de muitos dos seus alunos. “Descobri-me na educação e não me vejo atuando em outra área. Sou cria da escola pública de Duque de Caxias e hoje sou servidora com muito orgulho. Sentei nessas cadeiras; tive uma vida difícil, cheguei a passar fome, meus pais se separaram, mas nada foi empecilho para eu superar as dificuldades. É justamente essa experiência que eu passo para meus alunos. Mostro que não sou uma super-heroína, sou como eles e conquistei o meu espaço. Assim, eles se identificam e acreditam que podem buscar o melhor de si”, conta Elisandra, acrescentando que está como diretora, mas sente saudades de voltar a atuar em sala de aula. A Coração de Jesus foi onde começou a trabalhar, há 19 anos, como professora da rede.
A prova de que a dedicação de Elisandra reflete em resultados positivos na vida dos alunos, fica evidenciada nos seus relatos. Ela conta que sempre conversou com eles sobre o futuro e os estimulou a sonhar. Hoje, lembra com orgulho daqueles que se formaram e voltaram à escola para agradecer os conselhos que os motivaram a crescer profissionalmente. “Sinto-me gratificada e honrada por cumprir a minha missão. Não estou aqui só para lecionar, mas também para dividir o que eu tenho, o que eu sou. A educação vai muito além de passar conteúdo no quadro. É impossível não se envolver”, analisa.

Mas Elisanda, que admite preferir lecionar em turmas mais complexas, justamente pelo desafio de transformá-las, lembra que, ao longo da carreira, enfrentou situações difíceis. “Além de professora, sempre fiz papel de psicóloga. Já tive, por exemplo, aluno que não dormia à noite porque o pai batia na mãe e outra que tentou o suicídio. Temos que ter a sensibilidade de observar quando nossos pequenos não estão bem. Em muitos casos, o maior problema é a carência afetiva e a falta do diálogo da família. Tem gente perdendo o filho dentro de casa. Por isso, eu sempre estimulo a presença dos pais na escola. Quando a família é presente o rendimento do aluno é notório. A criança deve se sentir amada”, adverte.

Além da dedicação em sala de aula, Elisandra tem se destacado no cargo de diretora, ocupado no ano passado. Muito querida pela comunidade escolar, ela diz estar num momento pleno e que só tem a agradecer. “Nossa escola está linda e virou referência no bairro. Os alunos ficam até tristes quando chegam as férias. Aqui também é o único local de lazer e cultura para eles. Para melhorar, o atual governo ainda reformou a nossa escola e construiu uma quadra esportiva, além de uma sala que deverá ser destinada para a informática. Também ganhamos, recentemente, um ônibus escolar, o que atendeu as nossas expectativas, já que a nossa escola é localizada numa área rural de difícil acesso e a maioria dos alunos depende desse transporte. Tenho ainda uma equipe maravilhosa. Somos uma verdadeira família, que se ama, se respeita e realmente faz o ensino ser transformador.”

Izabel Cristina Lopes

Ser professor é, muito antes de ser uma profissão, uma das formas mais genuínas do amor. São como anjos na terra que se doam de corpo e alma pelo simples fato de transmitir o conhecimento e contribuir para um mundo melhor. A pedagoga, escritora e roteirista Izabel Cristina Lopes é um desses exemplos que podemos citar como destaque desta edição. Professora da rede há 24 anos, Iza, como é chamada carinhosamente por seus amigos, é conhecida por ser pioneira de um rico e bem sucedido trabalho artístico na rede. Além de educar, ela, que é apaixonada pelo teatro desde criança, quando, aos 10 anos de idade, já escrevia roteiros e atuava em peças na escola e na igreja, decidiu expandir seus conhecimentos nas artes cênicas para proporcionar um mundo mais criativo e inovador para seus alunos.
Tudo começou em 1993, quando ela ingressou na rede, na Escola Municipal Nossa Senhora do Pilar, onde trabalhou durante 22 anos. No ano 2000, ao ser convidada para atuar na sala de leitura, Iza decidiu unir o útil ao agradável: contar histórias e escrever roteiros, adaptados de obras literárias, para seus alunos encenarem. O primeiro trabalho foi do escritor infantil Monteiro Lobato. Ela montou um musical, com direito a figurino e cenário, o que resultou num grande sucesso em meio à comunidade escolar.
A partir daí, iniciava uma ação que transformou a vida de muitos alunos. “Eu estudava dia e noite para poder passar o melhor para os meus pequenos. O brilho nos olhos e a alegria estampados no rosto de um cada era o maior presente que eu poderia receber. Vivenciavam as obras literárias e assimilavam com muita facilidade. Fiz até o rap do Machado de Assis, que embora não seja um autor infantil, despertou o interesse deles. Tudo é a forma como você ensina”, recorda-se Iza, que, além de escrever os roteiros, preparava o cenário e figurino.
E assim o projeto a cada dia despertava o interesse de mais alunos. Tanto que os convites começaram a surgir para eles se apresentarem em outras escolas da rede. E não parou por aí. O trabalho foi tomando tal proporção que chamou atenção além dos muros da escola. “A gente se apresentou até num programa de TV do Ziraldo (cartunista infantil), além de eventos no Rio de Janeiro. Um deles, inclusive, foi sobre a trajetória da escritora Nise da Silveira, na comunidade Chapéu Mangueira. Encenamos a vida dela e fomos aplaudidos de pé, em meio a um público formado por intelectuais e artistas, vindos até da França, Inglaterra e Canadá”, contou Iza, que, ao longo do trabalho, acumulou vários prêmios e homenagens nacionais e internacionais. Mas, ela logo adianta: Sou avessa aos holofotes e ao microfone. O meu maior prazer é ensinar”.
Após longos e proveitosos anos dedicados na mesma escola, Iza, por questões pessoais, precisou mudar de unidade. Em 2015, foi para a Escola Municipal Prof.ª Olga Teixeira de Oliveira, onde continuou com o mesmo projeto, porém, num novo desafio: trabalhar com adolescentes do 6º ao 9º ano. “No início, fiquei um pouco receosa por estar entrando em um universo diferente. Não sabia como eles iriam reagir. Mas foram chegando e se apaixonaram. Em pouco tempo, quase toda a escola estava envolvida”, recorda.
Iza conta que foi um período de muitas emoções e superações. “Viramos uma família. A interação era além da sala de aula. O teatro transformou a vida deles. Aprenderam a trabalhar em grupo, a se respeitar, a ceder…Resgatamos até alunos que estavam entrando no mundo do álcool; outros que queriam sair de casa; e aqueles que se encontravam em depressão”, contou.
Em 2017, Iza ainda foi trabalhar paralelamente na Escola Municipal Dr. Álvaro Alberto. Porém, foi também o ano que precisou se licenciar da rede para iniciar um tratamento de saúde. “Sinto muita saudade deles, da escola…. Mas tenho fé que vou voltar para dar continuidade a esse projeto que só nos trouxe alegrias. A minha missão vai continuar”, finalizou.

Marilza de Azevedo Silva

A trajetória profissional dela já ganhou destaque em páginas de jornais; rendeu prêmios, medalhas, homenagens….Profissão? Professora. O tributo da SME desta edição vai para a servidora Marilza de Azevedo Silva. Ela foi aluna da rede e, há 29 anos, é diretora da Escola Municipal Bairro Tabuleiro, localizada numa área rural de Duque Caxias, considerada de dificílimo acesso, a 10,5 km de Xerém. Marilza também carrega a marca de ter sido precursora na luta pela reativação desta mesma unidade, que voltou a funcionar em 1988, após ter ficado fechada durante dez anos por falta de profissionais.
Filha de agricultores e moradora de uma região vizinha ao bairro Tabuleiro, Marilza vivenciou de perto as necessidades e deficiências da localidade, mas sempre lutou por seus ideais. Aos 17 anos de idade, cursava o magistério e era membro de uma Associação de Moradores. Junto aos seus companheiros, ela reivindicava a reativação da escola do Tabuleiro, única unidade escolar do bairro. Até que, depois de um longo processo, finalmente, a prefeitura a reativou. Mas, a missão daquela jovem não terminava ali. Por conta das dificuldades das estradas e da falta de transporte, não havia um profissional que quisesse gerir a escola. Foi quando Marilza se prontificou como voluntária e, com apenas 18 anos de idade, foi nomeada ao cargo de diretora. Ali iniciava uma história de luta, coragem, amor ao próximo e exemplo do que é ser uma educadora. Logo depois, prestou concurso e passou para a rede de Duque de Caxias, onde continuou à frente da escola até os dias hoje. Marilza casou-se e foi morar ainda mais distante da escola. Mas isso não foi empecilho. Ela dizia que a educação das crianças estava acima de qualquer coisa. Para chegar à escola, enfrentava uma verdadeira maratona. Sem transporte público, percorria de bicicleta, diariamente, durante 1h30, só de ida, e ainda tinha que atravessar um rio, com água na altura dos joelhos. Em época de fortes chuvas, ele ainda enchia, mas mesmo assim ela passava com sua inseparável bicicleta. Nesse meio tempo, Marilza engravidou e ainda trabalhou até o 8º mês de gestação. Todo esse percurso durou de 1989 a 2007, quando, enfim, chegou uma kombi para o transporte escolar, no qual ela pegava carona. “Para mim não tinha tempo ruim. Ainda tinha gente que perguntava por que eu fazia aquele sacrifício todo, já que ninguém estava vendo? Mas a minha resposta era sempre a mesma: as crianças precisam de mim. O que será delas sem a educação? Essa escola sempre foi prioridade para a minha vida. Abri mão de muita coisa, até de ter um segundo filho. Busquei fazer o melhor para os meus alunos, pois não queria que eles passassem pelas mesmas dificuldades que passei”, destacou Marilza, que ainda orgulha-se ao dizer. “Tenho vários ex-alunos que hoje se tornaram grandes profissionais e voltam à escola para agradecer. São militares, caminhoneiros, professores. Muitos, inclusive, trazem seus filhos para estudar aqui. Somos uma verdadeira família. Isso é ser educadora. Sinto-me verdadeiramente realizada”, conta, visivelmente emocionada.
Há 28 anos, Marilza ainda mantém na escola, junto aos professores e alunos, uma horta, que é referência no cultivo de verduras e temperos. “Só tenho que agradecer. A nossa escola hoje conta com 150 alunos e ainda recebemos da atual gestão mais um ônibus escolar, o que facilitou muito a mobilidade das nossas crianças. Isso é resultado de toda a nossa luta. É persistência por uma educação que deve fazer a diferença. Essa é a nossa missão”, destacou.

Luiz Carlos Andrade.

A música transcende a alma e tem o poder de transformar vidas. Que o diga o brilhante maestro e professor da rede municipal de Duque de Caxias, Luiz Carlos Andrade. Ao longo de 24 anos, este ser humano formidável, se doou em prol de um trabalho ímpar e de explícito amor incondicional aos seus alunos da Escola Municipal Nossa Senhora Aparecida, no bairro São Judas Tadeu, em Santa Cruz da Serra. Professor de Artes, Luiz Carlos é um exemplo digno de que quando você ama o que faz, não importa o tamanho do desafio ou obstáculo, a consequência são resultados promissores. E foi exatamente isso que aconteceu. Ele decidiu criar um coral, agregado à disciplina da Educação Artística, com seus alunos. A ideia foi aceita e abraçada pela diretora da época, hoje aposentada, Cleusa Maria Perin da Costa, a quem o maestro e professor, Luiz Carlos dedica total gratidão. Ele conta que a proposta do coral foi uma forma de amenizar o dia a dia violento da região na vida dos meninos e meninas, além de resgatar a auto-estima deles e ainda atuar como reforço escolar. E deu certo. A dedicação tamanha e o amor solidário do professor foram essenciais para o sucesso do coral, denominado Em Canto, que chegou a contar com cerca de 500 vozes. Muitas dessas crianças, inclusive, cresceram e se profissionalizaram na música. “No início foi muito difícil. Os alunos eram violentos, as turmas se odiavam, e foi justamente a música que passou a tranquilizá-los mentalmente e socialmente. Além disso, a frequência e o rendimento deles em sala de aula passou a melhorar significativamente. O rumo da história dessas crianças começava a mudar ali. Ao mesmo tempo, era meu sonho sendo realizado”, emociona-se o professor.
O coral virou referência na escola e foi muito além. Começou com apresentações em eventos da Educação e culturais do município. Com a repercussão, foram convidados para participar de eventos na Uerj, no Forte de Copacabana, e até no Domingão do Faustão, em homenagem ao Criança Esperança. Eles ainda receberam o prêmio Cultura Nota 10, do instituto cultural Cidade Viva. Todo esse trabalho rendeu a gravação de três DVDs e dois CDs. Hoje, o coral conta com cerca de 300 crianças, de 4 a 6 anos. “Eles amam o projeto e cantam com profundo envolvimento, fazendo as pessoas chorarem”, conta Luiz Carlos, que ainda tem o hábito de decorar os muros e as salas de aula da escola com suas pinturas artísticas. Além disso, construiu no pátio da escola uma pracinha, com jardim e um pomar, batizada pelo nome da ex-diretora. Prestes a se aposentar, a proposta agora de Luiz é lançar o último CD do coral, com cantigas de rodas e folclóricas, além de músicas que ele mesmo compôs sobre as riquezas naturais e históricas da região. O maestro também pretende lançar um livro sobre a experiência vivida ao longo dos seus anos na escola. “Vou fechar o ciclo com sentimento de missão cumprida”, destacou o professor, que, com 40 anos muito bem dedicados à rede de Duque de Caxias, sem dúvida alguma merece ser aplaudido de pé pelo conjunto de sua obra, o que o tornou um orgulho para a classe do magistério.
 
André Luiz da Rosa e Silva

Ele é praticamente uma unanimidade. Não há quem não goste do servidor André Luiz da Rosa e Silva, o popular professor André. No alto dos seus 65 anos de idade, sendo 36 deles dedicados ao Magistério e 31 como servidor da Secretaria Municipal de Educação de Duque de Caxias, o professor André, há 14 anos, atua como coordenador de Gestão de Pessoal na sede da SME, especialista nas áreas de Aula Extra e de Dupla Jornada.

Com seu jeito amável, solidário, paciente e super profissional, ele virou uma referência na Educação.
“Eu amo o que faço. Lido com todos os diretores e professores da rede e os trato sempre com muito carinho e respeito. É importante saber ouvir, ser paciente e buscar ajudar o próximo da melhor maneira. Não faço qualquer distinção de pessoas. Isso é ser servidor público. Isso é gratificante para mim”.

Popular também na arte de ensinar, professor André atuou em salas de aulas do Ensino Fundamental ao Superior e se orgulha ao dizer que contribuiu na formação de tantos alunos que se tornaram cidadãos de bem e grandes profissionais. Ele era conhecido como o imbatível mestre da Física e da Matemática, além de ser considerado um amigo para todas as horas. Alguns desses estudantes, inclusive, hoje são funcionários da SME e falam saudosos e com orgulho deste humilde e grande homem que os formou.

Mas quando o assunto é a tão sonhada aposentadoria, o professor André é categórico ao dizer. “Não faço questão de parar, nem penso. Gosto é de viver o dia a dia, pois o amanhã só a Ele pertence”.

Por essas e outras, o professor André é Gente que Faz e Acontece e merece os nossos aplausos e reconhecimento. Um exemplo de servidor e ser humano.

 Márcia Alves
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bianca Maia
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Jorge