“Na adolescência, eu tinha vergonha do meu cabelo e do meu corpo. Achava que o que via na internet e na TV – a menina magra, de cabelos lisos e branca – era o padrão de beleza. O meu dilema era me olhar no espelho e gostar de mim. Foi difícil, mas eu venci. Se a gente não se amar de dentro para fora, não há quem diga que você é bonita, você não vai se aceitar. Hoje, eu digo: Eu posso, eu consigo, eu quero! Sou bonita dessa forma e não preciso parecer com ninguém para ser aceita”. Este é o relato autobiográfico de Maria Luíza Souza, de 20 anos, funcionária da Escola Municipal Dr. Ricardo Augusto de Azeredo Vianna.

O texto de Maria é um dos que integram uma série de outros artigos escritos pelo olhar dos alunos do 5º ao 9º ano de escolaridade, além da Educação de Jovens e Adultos (EJA). O material, que virou uma coletânea encadernada, traz na capa da edição, cerca de 40 alunos escritores, que tiveram seus textos selecionados. O lançamento aconteceu na terça-feira (30) e marcou a culminância do mês da Consciência Negra.

O projeto “Nossas Narrativas Negras”, que contou com o apoio do Programa “Educação e Família”, do Governo Federal, surgiu da ideia da professora de Português e Literatura, Roberta Lima, movimentando toda a escola. Os alunos usaram relatos próprios ou escolheram mulheres pretas que eles admiram para narrar suas histórias de vida. O resultado? Significativas histórias de superação, resiliência, dor e empoderamento, contadas por mães, primas, tias e funcionárias da escola.

“Todas as mulheres pretas que estão no livro dissertaram muitas dificuldades, mas não deixaram de vencer por isso. Muitas lutas eu já vivi, mas estou aqui”, destacou a aluna da EJA, Kátia Simões.

“Esse projeto significa o retorno de ter a família na escola. Além disso, a gente conseguiu fazer com que eles olhassem para a família, para a história das mulheres deles. Muitos, inclusive, não se reconheciam como pessoas pretas. Nós demos um passo muito importante”, analisou Roberta Lima .

Participaram também do projeto a diretora, Ana Paula Lage, as professoras Leila Santos e Maria Bernardete, e as orientadoras pedagógicas Jane Souza e Talita Serpa.

Acesse aqui o livro Nossas Narrativas Negras

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